Convite para lançamento de livro

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terça-feira, 7 de setembro de 2010

REINVIDICAÇÃO POÉTICA por JOSÉ LOUZEIRO

  O texto abaixo é de autoria do escritor José Louzeiro para a "orelha" do livro de Vavá Ribeiro.

     O poeta é um transgressor. De seus exemplos a velha História anda cheia.
     Baudelaire conquistou o título Universal de  maldito. Comedor de Ópio. Maiakowski jogava pedras nas estrelas, das ruas geladas da Rússia. Queria que elas lhe respondessem sobre o destino.
     "Dígami - gritava ele. - Por que estão acesas as estrelas?
     Agora, deparamo-nos com indagações semelhantes, feitas por uma poeta, habitante de outro país congelado, desencontrado: Por que eu tenho de presenciar esse enterro de braços cruzados?
     As argumentações de Vavá Ribeiro guardam em si o incontrolável desejo de transgredir. Modificar.
     Como Maiakowski ela quer que as estrelas digam a que vieram.
     E tudo começou em um dia cinzento, de chuva fina. Vavá, cansada de guerra, em plena sala de aula. Aí, decidiu pela estratégia mágica: sumir na cauda de um foguete.
     Impossível suportar o rosto desfigurado do magistério. Doíam-lhe os risos ingênuos das crianças. Angustiavam-lhe aqueles olhos de menininhos pobres que espiam dentro da gente.
     Vavá chateada. Esbravejando com as estrelas soluçava. Procurando caminhos no céu.
      Do lado dela, perto da árvore asfixiada, a escola soluçava. Janelas despencadas, vidraças quebradas, paredes pichadas.
      A escola sendo engolida pela Aids. Desenganada.
      Quantas vezes Vavá tentou alertar os alunos? Quantas vezes imaginou pintar o vasto mural iluminando de Reinvidicações?
      Foi adiando. Quem sabe a escola melhoraria? As dores cessariam?
      Certa manhã Vavá fechou-se em sua casa, botou folhas de papel sobre a mesa, pôs-se a traçar este livro-guia-mapa. Aprimorou-o quanto pôde. Depois, colocou-o no quintal, para secar.
      Os ventos chegaram, fizeram festa disseram-lhe num sussurro:
      - Não se aflija. As crianças virão um dia. Barulhentas e alegres. Correndo. Sempre correndo para inaugurar a escola novinha em folha, escola honesta, perto da árvore despoluída. As salas de aulas estarão limpas, luminosas, arejadas, as vidraças intactas. Uma escola sorridente, comemorando aniversário.
       De noite - disseram os ventos quando os alunos estiveram dormindo, a escola nova brilhará como estrelas que é da constelação da meninada.
       Vavá saiu de casa às pressas, procurou uma gráfica onde pudesse tirar muitas cópias do seu guia-mapa: "UM TRISTE LUGAR CHAMADO ESCOOLA".

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